segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Palito de dente e o fim do mundo
Era chique (metido, como se dizia então) palitar os dentes e depois ficar rodando o palito no canto da boca. Os palitos eram feitos de lasquinhas de madeira ou de gravetos cuidadosamente trabalhados com o canivete. Ficava impressionado com as pontas finíssimas que alguns conseguiam fazer nos seus palitos que, às vezes, eram, após uso, guardados atrás da orelha ou no bolso para outra ocasião.
Mulher com palito no canto da boca era muito indecente. As que ousavam a esse ponto, se novas viravam, na mente dos homens, mulheres “fáceis”, se mais velhas, “nojentas”.
- Rapariga é que faz isso, rosnavam indignados, os mais sérios.
Esses códigos eram abundantes e interpretados à larga por todos como sinais de se prestar ou de não se prestar. Era comum a afirmação de que: “Ele não presta, fica penteando o cabelo toda hora”.
Certo que esses “não prestares” sobrava mais para as mulheres, que sempre foram sujeitas a mais restrições:
“Cortou o cabelo, podou a vergonha”.
“Mulher que pinta a cara quer chamar macho”.
Aí, surgiu o uso do pente grande, de cabo longo, que os rapazes carregavam no bolso de trás, aparecendo ou, fora dele, uma boa parte. Veio, também, a brilhantina que mudou o penteado e se popularizou rápido. Leite de Rosa, Leite de Colônia e outros produtos, tipo a pomada Minâncora e a Diadermina passaram a ser usadas pelos homens. Tudo sob muita crítica e para muito desgosto dos mais velhos.
Eram os anos de 1960 e o pior ainda estava por vir, com as calças boca-de-sino, camisas estampadonas, cabelos longos e sapatos de salto para homens e calça esporte, minissaia e cabelo curto para as mulheres. O “fim do mundo”!
Onaldo Alves Pereira

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