sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Capaz que eu vou!
- Capaz que eu vou! Vou não, nem pensar! Reiterava sem parar a mocinha para a amiga que lhe trouxera o convite de um garoto para sair.
- Ele quer é fazer mal a mim. Capaz que vou!
Enquanto falava ela arrumava o cabelo, molhava a ponta do dedo com saliva e limpava o canto dos olhos e ajeitava saia e blusa.
- Aquele safado vem logo esfregando na gente. Capaz que vou!
Olhando o fundo da panela de alumínio que terminara de “arear”, virando-a de forma a criar um arremedo de espelho, ela apertou a maria-chiquinha no cabelo, fez careta e insistiu.
- Capaz que vou! Aquele moleque chama todas pra sair, capaz que vou!
Lavou as mãos, refrescou o rosto com água da torneira, suspirou fundo e disse:
- Tenho mais o que fazer!
Saiu rapidinho pela porta da cozinha como se fosse para o quintal. Dela só se avistou o vulto esbelto dando a volta e correndo pelo portão da rua afora.
- Capaz que ela não vai.
Disse a amiga pra si mesma e riu invejosa.
- Capaz!
Onaldo Alves Pereira

Nenhum comentário: